Ninguém há de negar que os tempos são outros. Hoje, temos a
grande rede mundial de computadores estabelecendo conexões e criando grandes
canais de comunicação em velocidades virtuosas e com um alcance sem
precedentes. Até aí, nada de muito novo para seres humanos da chamada geração
Y. Eu diria que, especialmente, para aqueles na faixa etária até os vinte anos
de idade ao menos. A questão é que o livre acesso à informação e o tráfego
alucinante de dados cria e fomenta uma real e palpável revolução na maneira a
qual nações comandam seus destinos. Em especial nos países livres e de
estabelecidas democracias vigentes, por mais infantil que possam parecer. Como
é o caso do Brasil.
Não é mais possível controlar, definir, regular ou determinar a vontade de um povo e como isso se isentar da inerência e da contingência que o momento traz na medida em que a democratização do acesso dá aos cidadãos comuns, digo, não tão comuns assim por agora estarem armados até os dentes com mouses e telas sensíveis a toque e dispostos a clicar ou dedilhar freneticamente e sentirem-se em pé de igualdade com os seus pares mais distantes num imaginário do passado. Tendo em suas mãos o poder de realizarem aquilo que jamais um dia houveram concebido. O poder e a autonomia de emitirem opiniões das mais plurais e se fazerem ouvir que lhes deu, quer queiram quer não, a possibilidade de coletivizarem-se e organizarem-se em grupos que passam a legitimar os seus anseios e suas vontades ante a opinião pública geral em torno de objetivos em conteúdos em comum.
Não é mais possível controlar, definir, regular ou determinar a vontade de um povo e como isso se isentar da inerência e da contingência que o momento traz na medida em que a democratização do acesso dá aos cidadãos comuns, digo, não tão comuns assim por agora estarem armados até os dentes com mouses e telas sensíveis a toque e dispostos a clicar ou dedilhar freneticamente e sentirem-se em pé de igualdade com os seus pares mais distantes num imaginário do passado. Tendo em suas mãos o poder de realizarem aquilo que jamais um dia houveram concebido. O poder e a autonomia de emitirem opiniões das mais plurais e se fazerem ouvir que lhes deu, quer queiram quer não, a possibilidade de coletivizarem-se e organizarem-se em grupos que passam a legitimar os seus anseios e suas vontades ante a opinião pública geral em torno de objetivos em conteúdos em comum.
Alguém aqui com mais de quarenta anos um dia imaginou que um
dia existiriam grupos coletivos de discussão, não à toa chamados de fóruns, em
tempo real? Alguém aqui um dia imaginou aquela notícia de primeira página de um
jornalão poderia ser curtida e repercutida com comentários, réplicas e
infinitas treplicas num interminável ciclo e se propagando até o esgotamento de
argumentos ou até a escassez ou ignorância (propositada) dos mesmos e tudo isso
em tempo real sem ter que sair de casa e ir até a banca de jornal mais próxima
e pagar pela versão impressa do “conteúdo”? Até poucas décadas atrás estes “articulados”
e “bem informados” leitores, parcela minoritária da população dos grandes
centros, diga-se de passagem, deleitavam-se no “direito” e sob uma condição sócio econômica diferenciada
que tinham para, como um time de futebol que joga com o regulamento debaixo do
braço numa partida decisiva de mata-mata, discutir os rumos daquilo que
teoricamente seria melhor para o bem da nação. Tomando uma gelada nos botecos
da vida boêmia, no conforto de seus lares em almoços e jantares e até mesmo em
seus locais de trabalho ou grupos de discussões de gente “intelectualizada”. Como
se o real intelecto de um sujeito se desse à sua iteração acerca das coisas da
nação.
Às massas, sobrava a televisão que, considerada até os dias
de hoje como a precursora das babás
eletrônicas, tratava (e ainda tenta tratar) o povo com homeopáticas e
friamente calculadas doses de controle mental e “intelectual” como se o povo
ainda fosse um bebê na sua eterna e pueril condição infantilizada e eternamente
catatônica como macacos de laboratório em sessões de lobotomia. Não menciono
aqui o rádio que, apesar de ainda estar aí “firme” e não tão forte como já foi
um dia, foi subjugado como meio de comunicação de massa pela tecnologia
televisiva no despertar da segunda metade do século passado. O rádio é aquele
velho gagá que teima em estar aí. Representa uma parcela da população que ainda
idolatra múmias da política que já se encontram com o pé na cova e, no entanto,
teimam em não morrer para dar espaço aos mais novos. Ainda respira sem ajuda de aparelhos e assim
como as ondas de rádio produzem alguns ecos e alguma ressonância, ainda que
pequena.
No aflorar deste, ainda novo, século e ainda antes da metade
de sua segunda década de vida a Internet está para a televisão e para a mídia
escrita como ambos estiveram para o rádio e a telegrafia um dia. O despertar
das novas primaveras eletrônicas é real e imediata. Sinal (via wi-fi) dos novos
tempos, de novos canais de comunicação e de bilhões e bilhões de “antenas” que
hoje se conectam e sintonizam quase que somente aquilo que bem entendem. Digo
quase porque, a despeito de tamanha liberdade, estas bilhares de antenas
(entenda-se por pessoas caso ainda não tenha percebido) curiosa e
paradoxalmente, também ainda se comportam como bebês abrindo os olhos pela
primeira vez. No entanto, a fase dos olhos abertos já passou e com ela as
primeiras “mamadas”, as primeiras “fraldas trocadas” e as primeiras noites mal
dormidas de seus pais.
O interessante é perceber que agora vamos caminhando para o momento em que estes bebês, agora já bem alimentados e melhor cuidados, começam a querer engatinhar e daí para os seus primeiros passos meus amigos, com o perdão do trocadilho, é apenas um pulo.
O interessante é perceber que agora vamos caminhando para o momento em que estes bebês, agora já bem alimentados e melhor cuidados, começam a querer engatinhar e daí para os seus primeiros passos meus amigos, com o perdão do trocadilho, é apenas um pulo.
O que assusta aos vovôs da mídia, caquéticos em seus
radinhos de pilha e controles remotos à mão, é perceber com qual vigor e com
tamanha vontade com que seus “netinhos” se dispõem a caminhar, reconhecendo em
seus pais a tutela e a orientação sobre qual rumo tomar e com estranheza em
seus olhares constatando em seus avós caricaturas cômicas e já invalidadas de
si mesmos. Para ser bem honesto, ignorando a existência destes seres antigos
que, assim como as múmias políticas ainda fazem algum barulho, mas que não
passam do eco de suas mais exauridas e desgastadas vontades, perdendo a voz, a
autoridade e se transformando em figuras de semblante cansado esgotando seu
período de participação efetiva na nova jornada daqueles que vêm chegando com
todo o gás para criar novos modelos. No caso de alguém que ainda precise
entender certas analogias do texto (e não me surpreendo que ainda o existam), o
povo aqui é o bebê, os vovôs são a mídia e as antenas individualizadas é você!
É um tanto quanto triste ainda em 2014 ter que assentir com
o fato de que se deve respeitar a presença nefasta de uma parcela dormente da
população, que dorme um sono sem sonhos e, repete, noite após noite, o mesmo
ritual de acordar na cegueira que a impossibilita de ver a beleza do nascer de
um novo dia. A regulamentação das mídias e a participação social na
fiscalização desta classe legislativa infestada de ratos corporativistas, que
exercem o desavergonhado e desvairado protecionismo das pouquíssimas famílias
que controlam as emissoras de rádio e televisão, bem como os editoriais
espúrios dos grandes jornalões e editorias semanais, se faz necessária e urge nas
ruas a cada com mais ênfase e força. A cada novo movimento, como um bebê que
tateia o terreno ao seu redor, olhando de lado para se sentir seguro e
continuar a engatinhar mesmo que ainda girando em torno do próprio eixo sem
saber ainda por onde prosseguir, porém, certo de que o caminho natural os
levará a encontrar, acontecerá o impulso necessário para dar o tal “pulo do
gato” e daí a caminhar com as próprias pernas num longo caminho pela frente.
E isso tudo só me faz lembrar Irene que, quando eu tinha lá
pelos meus cinco anos de idade e mal sabia limpar a própria bunda, veio do
Ceará pra São Paulo em busca de uma vida melhor e calhou de ser “alugada” pela
minha mãe para cuidar de mim e de uma irmã. Irene não tinha muitos direitos, a
não ser aquilo que ela conhecia em seu repertório. Irene ganhava um pouco, (bem
pouco) de dinheiro pela missão que aceitou. Irene dormia num quartinho-banheiro
de 1.5 x 2 metros e lá dentro ainda tinha uma privada e uma pia para atender às
suas necessidades fisiológicas. Irene tinha vinte e poucos anos e mal sabia ler
e escrever. Irene engravidou em com ela se foi o emprego. Irene foi morar num
barraco. Irene foi traída e abandonada pelo “marido”, se é que podemos chama-lo
assim, mas isso não vem ao caso, pois, o pobre, assim como Irene, era de pouca
instrução. Irene baqueou, mas não caiu. Irene ergueu a cabeça e foi à luta.
Irene venceu e hoje em dia sua filha já é mulher. Hoje, Irene pode dar sua
risada e, todas as outras Irenes, por lei, devem ter condições dignas para
trabalhar bem como seus direitos garantidos como FGTS, 13° salário e por aí
vai. Ah, sabem o vovô? Vovô foi contra as conquistas das Irenes de hoje. Vovô é
contra tudo que representa o novo e que dá liberdade de insurreição do povo.
Vovô, pelo que sei e daquilo que me lembro, tem medo do Comunismo.
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